segunda-feira, 21 de julho de 2008

Paternidade

Vejo com muita alegria o aumento de 4 para 6 meses da licença maternidade. Acredito realmente na importância da presença da mãe para a criança. Mas, além de achar que ainda é pouco, tenho outra dúvida que gostaria de colocar depois de alguns fatos.

Por muito tempo o papel da mulher na sociedade foi secundário, se não terciário. Mulheres que influenciaram os eventos da Humanidade ou estavam por trás de algum homem, ou arriscaram suas vidas defendendo aquilo em que acreditavam. Entretanto, muitas ainda não tinham como mostrar sua opinião ou deixar de ser consideradas simples objetos de procriação e cuidar das crias. Com muita luta e com muita dor conseguiram votar, participar do mercado de trabalho, buscar mudar a sociedade. Infelizmente ainda existem, violência, desrespeito e discriminação no mundo.

Sou contra toda e qualquer discriminação, no caso das mulheres, a única diferença que vejo para com os homens é biológica e não justifica nenhuma consideração de inferioridade e incapacidade.
Mas, chegamos mais próximo do ponto que eu quero discutir, as mudanças provocadas pelo maior reconhecimento da igualdade da mulher, tem conseqüências que parecem ocorrer de maneira silenciosa, pois o grupo afetado não queima sútias em praça pública, não é obrigado a usar burka, não é considerado errado simplesmente por ter nascido dessa maneira. Existe um grupo de homens, cada vez maior, que acompanhando essa liberação feminina, sentem-se também mais livres, pois nunca acharam-se o sexo forte, viviam reprimidos por esconder seus sentimentos, gostam de receber flores, gostam de abraçar seus filhos e dizer que os amam. Eu me sinto parte desse grupo, me emociono em filmes sentimentais, choro quando estou triste ou muito alegre e não tenho vergonha disso, não me sinto inferior por ajudar em casa nas tarefas domésticas, não acredito no monopólio da responsabilidade do lar, acredito em cooperativas.
Contudo o ponto que eu quero discutir é, pretendo ser pai um dia, me revolta, o fato que licença paternidade e só de cinco dias úteis. Eu pesquisei e consegui as seguintes informações:

Sobre licença-paternidade:
"Nos termos do art. 7º, inciso XIX da CF/88 c/c art. 10, § 1º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da CF/88, o prazo de licença-paternidade é de cinco dias.

A concessão dessa licença representou uma enorme inovação na Constituição de 1988, já que antes, nenhuma Constituição Brasileira tratava sobre o tema, sendo assim considerado um avanço na ordem jurídica, pois, apesar de guardar forte analogia com o que já havia sido legislado, ampliou o disposto no artigo 473 da CLT, elevando a matéria a nível constitucional.

A licença-paternidade possibilita o trabalhador ausentar-se do serviço, para auxiliar a mãe de seu filho, que não precisa ser necessariamente sua esposa, no período de puerpério (período que se segue ao parto até que os órgãos genitais e o estado geral da mulher retornem à normalidade) e também registrar seu filho."

(Fonte: http://guiadobebe.uol.com.br/planej/licencapaternidade.htm)

Sobre puerpério:

Puerpério é o nome dado à fase pós-parto, em que a mulher experimenta modificações físicas e psíquicas, tendendo a voltar ao estado que a caracterizava antes da gravidez.

O puerpério se inicia no momento em que cessa a interação hormonal entre o ovo e o organismo materno. Geralmente isto ocorre quando termina o descolamento da placenta, logo depois do nascimento do bebê, embora possa também ocorrer com a placenta ainda inserida, se houver morte do ovo e cessar a síntese de hormônios.

O momento do término do puerpério é impreciso, aceitando-se, em geral, que ele termina quando retorna a ovulaçao e a função reprodutiva da mulher. Nas puérperas que não amamentam poderá ocorrer a primeira ovulação após 6 a 8 semanas do parto. Nas que estão amamentando, a ovulação retornará em momento praticamente imprevisível. Poderá demorar até 6 a 8 meses, a depender da freqüência das mamadas. Isto impõe, entre outras medidas, a adoção de método anticoncepcional adequado.

O puerpério é dividido em três fases:

• Puerpério imediato (do primeiro ao décimo dia).

• Puerpério tardio (do décimo ao quadragésimo quinto dia).

• Puerpério remoto (além do quadragésimo quinto dia, até retornar a função reprodutiva da mulher).

(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Puerp%C3%A9rio)

Pela lei, nós homens, deveriamos ter 45 dias de licença-paternidade e não 5 dias úteis. Mas é a interação entre o pai e o bebê? Pai é só aquele que registra? Eu quero ter tempo para ficar com a minha criança, quero que ela me reconheça, saiba meu cheiro, quero trocar a fralda, dar banho, por para dormir, brincar, fazer rir e tudo mais. Não acho justo voltar do trabalho e somente nesta hora, quando eu estiver cansado e o bebê já estiver na hora de dormir, eu poder dedicar o meu amor. Ou pai dedicado é só aquele que acorda de madruga para verificar o porque a criança está chorando? Não quero ser aquele pai que chega do trabalho e senta no sofá para ver o jornal do qual as crianças tem medo de contar o que aconteceu no dia, um pai distante. Quero acompanhar minha criança no seu desenvolvimento, quero que ela saiba que me sinto responsável e feliz tanto quanto a mãe dela. Posso não ter ficado grávido, posso não amamentar, mas não me sinto menos importante.

Espero que ache algum político disposto a fazer essa mudança.